segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CDs de samba gravados em Minas Gerais são destaque no jornal Estado de Minas. "Samba Sambá Sambô" está entre eles

O Caderno EM Cultura, do jornal Estado de Minas, publicou uma matéria no dia 21 de novembro de 2011, destacando o samba produzido em Minas Gerais. O box (final da matéria) destaca, entre outros, os CDs "Samba Sambá Sambô", de Thelmo Lins, "Rosas para Noel", de Wagner Cosse e Geraldo Vianna, e "Samba na Roça", do grupo Cachaça com Arnica. Leia o texto completo a seguir.


Thelmo Lins e Pirutito da Vila: "Samba Sambá Sambô"

Uma batida diferente

Texto de Walter Sebastião

A discografia de samba de artistas mineiros cresceu em 2011. É um fenômeno discreto, disperso, difícil de ser quantificado dos últimos anos para cá, já que, na maioria dos casos, são trabalhos independentes. Mas o variado samba de Minas já ultrapassou montanhas, como comprova a boa repercussão do disco da cantora Aline Calixto. Os batuques, na cidade, sempre foram audíveis, mas raros em discos. Mesmo com importantes artistas participando de projetos ou gravando composições dos mineiros. Zeca Pagodinho, por exemplo, gravou sambas de mineiros em seus dois discos mais recentes: Mulheres, de Toninho Geraes; e Desacerto, de Toninho Geraes, Fabinho do Terreiro e Randley Carioca.

“Uma dezena de discos lançados em 2011 é uma notícia maravilhosa”, comemora o cantor, compositor e instrumentista Evair Rabelo. “É o pessoal tendo coragem de botar o que faz na rua. Quanto mais samba estiver circulando melhor.” Mas Evair reconhece que ainda são poucos, diante da efervescência do gênero, em alta no mercado. “O que falta, agora, é as rádios abraçarem mais o que vem sendo feito. Apoio do público já temos”, garante, lembrando que locais com noites de samba vivem lotados. Além de gravar CD e DVD autorais, Evair produziu a Coletânea sambas e pagodes, lançada terça-feitra, com festa na Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza.

Marcando espaço O Purarmonia existe há 14 anos, já lançou sete discos – o último, em 2010, uma coletânea – e está preparando novo trabalho: Samba de roda. O grupo é afilhado do Fundo de Quintal e tem como diretor artístico Rildo Hora, que eles chamam de “nosso maestre” (maestro mestre). “Os discos mostram que a rapaziada do samba de Belo Horizonte está procurando, por conta própria, fazer com que a música chegue mais ao mercado”, analisa Brussa Cordeiro, compositor e percussionista do Purarmonia. Ele reconhece que venda de disco não dá dinheiro, “mas marca história, apresenta o artista para rádios e a interessados em comprar shows, jogando a carreira para a frente”, explica.

"Todo grupo fica feliz com o apoio que recebe do público em Belo Horizonte, mas sonha, também, em poder mostrar o trabalho nacionalmente”, continua Brussa Cordeiro. Ele brinca que, como é veterano, “já arrefeceu” o desejo de estourar nacionalmente. “Sabemos que não é só qualidade que faz o grupo estourar. Ter poucos recursos dificulta a vida do grupo”, observa. O problema maior é a falta de casas de show. E, por isso, há um ano, o grupo criou, no Bairro Castelo, o Espaço Cultural Purarmonia. A força do samba de Belo Horizonte, para o músico, é a composição. “Aqui é celeiro de talentos”, afirma. E acrescenta: “BH não está isolada de outros estados, mas podia estar mais linkada".

Para o compositor e violonista Thiago Delegado, o número de discos de samba em Minas é expressivo, mas pequeno quando se considera a cena musical no geral. Na sua opinião, os lançamentos sinalizam que os artistas, especialmente da nova geração, estão mais antenados com a questão da divulgação, da formação de público, querem dar mais solidez à carreira. “É bom porque indica processo de superação do comodismo de ficar apenas compondo e tocando. O que é, realmente, prazeroso, mas a atividade musical não se reduz a isso”, diz. “Para a música emocionar, tem de chegar às pessoas, tem que circular.”

O Purarmonia abriu sua própria casa de shows no Bairro Castelo


Thiago Delegado vai adiante: “Como os artistas são humildes e Belo Horizonte não tinha tradição em samba, ficou o mito que disco era caro, impossível, uma coisa do outro mundo, só possível no Rio de Janeiro. Não é bem assim. Temos estúdios, os músicos estão ajudando uns aos outros, há espaço para produção independente. Fazer disco de samba na cidade é viável, mas cobra organização e planejamento. Discos benfeitos, bem produzidos, que mostram que BH tem uma produção, abrem portas”.

Minas dá samba
•Coletânea sambas e pagodes – Vários artistas.
• 20 anos de samba (CD e DVD) – Evair Rabelo
• Samba da roça – Cachaça com Arnica• Volume 1 – Gustava Maguá
• Sambêro – Mestre Jonas
• História que dá samba – Ricardo Barrão
• Joãozito e A Parceria – Joãozito e A Parceria
• Samba sambá sambô – Thelmo Lins
• Rosas para Noel – Wagner Cosse e Geraldo Vianna
• Aline Calixto – Aline Calixto
• Semba – Capim Seco 

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